A ESPERA
Não sei mais ser poeta, penso eu há certo tempo. Abandonaram-me
os alimentos da poesia, os medos, as angústias, as paixões enfim. Parecia-me
abandonado pelos sons do coração e mente. Sem mais tum-tuns e paratibuns. Sem
mais, até mesmo, os zam-zin-zuns. Pensei sem dor que minha alma é só silêncio.
Mas revelei-me que o que confundi com silêncio era um suave e constante
ohmmmmmmm. Era e é uma espera do parto de algo ainda não sabido, mas intuído. E
tudo será ohm-tum-mmm-zim-sum-patibun-ohmmmm.