Era uma vez uma pipa de nome pomposo: Pipa Papagaio de Pandorga. Mas como era revoltada esta pipa! Era uma pipa feita por um menino que só tinha papel verde e, portanto, a pipa era verde. Mas ela não queria ser verde. Na verdade ela sempre queria as coisas diferentes do que eram. Um dia queria outra cor, outro dia outra forma, um vento mais forte ou mais fraco, mais sol ou menos sol, e por ai adiante. Mas era uma pipa jovem, acabara de ser feita pelo menino.
Num belo domingo de sol com vento moderadamente forte, o menino levou a pipa para fora, para a liberdade, para a vida. Como o vento estava firme e constante a pipa subiu alto, muito alto. Lá em cima ela descortinou toda a paisagem até muito longe e achou o mundo belo e cheio de delícias. Tanto cobiçou viver todas aquelas belezas e delícias que descuidou de fazer as cabriolas e volteios. Desde este dia a sua revolta se tornou mais específica: queria a liberdade. Imaginava quão alto podia subir e que velocidades podia alcançar se não estivesse presa. Queria porque queria que o fio que a prendia ao solo, e ao menino, arrebentasse, chegou mesmo a procurar as correntes de vento mais forte e a proximidade de fios com cerol de outras pipas. Achava a vida tão injusta que se revoltou contra a natureza e contra seu criador.
A pipa tanto desejou, tanto pediu mentalmente, que o menino por descuido não trocou a linha velha e, num dia de vento forte, a linha se partiu e lá foi ela levada pelo vento. Que felicidade! Estava livre afinal e podia iniciar sua jornada como desejasse. Mas. Logo percebeu que algo não ia bem, ela não podia controlar seus movimentos e o vento começou a fazer o que quisesse com ela. Nem mesmo estava subindo a alturas tão desejadas, estava caindo. Ela caiu vertiginosamente e cada vez mais apavorada e confusa: não era isto que imaginara ser a liberdade absoluta. Por fim caiu sobre uma árvore e parou, tendo adquirido alguns amassados e rasgões. Mesmo quando o menino veio resgatá-la, por que o menino sempre vai ao socorro de sua pipa, ela se sentiu solitária e desamparada.
Ela foi transportada para o quarto do menino e deixada num canto de uma prateleira para pensar e refletir sobre todas as coisas, aguardando uma mudança em sua situação. Num belo dia o menino entrou no quarto e cuidadosamente consertou a pipa que ficou com um remendo como cicatriz e lembrança do seu desatino. A partir desse dia retornou a sua esperança de um dia voar novamente, mas não da mesma forma de antes. Queria mais liberdade, maior altura de vôo, mas não tinha mais tanta certeza de poder conseguir e se conseguisse, como fazer para não se ferir novamente.
Num belo dia de início de outono, quando os ventos são melhores para soltar pipas, ela foi levada às alturas pelo menino. Ela estava temerosa e tímida frente ao vento e ficou apenas pairando sem coragem de fazer as acrobacias que costumava fazer. Ali solitária viu se aproximar uma pipa já velha e muito usada, com muitos remendos. Começaram a conversar e fizeram logo amizade. A pipa mais velha passou a narrar suas aventuras e contou que algumas vezes tinha subido tão alto que voltara úmida das gotas d’água das nuvens. A jovem ficou excitada e perguntou como isto era possível se ela estava presa à linha. A experiente pipa foi logo explicando: Quando aquele que me fez quer que eu voe alto ele escolhe um dia de vento forte, mas nestes dias há muito perigo que eu me perca ou me machuque, então ele escolhe uma linha mais forte para me prender. Também acontece nestes dias que eu passe a dar voltas rapidamente e se num momento estou subindo logo no outro estou descendo e assim fico sem direção e sem controle, então ele me coloca uma grande rabiola. Aprendi que o vento é inconstante e sem propósito e, por isso, é perigoso, passei a confiar no menino que conhece tudo sobre ventos e sabe o que quer para mim. Mas, o mais importante, sabe que meu maior desejo é cumprir o meu destino de voar alto e longe, ver o mundo lá de cima, e faz de tudo para que eu o cumpra. Portanto, se quisermos voar alto e longe precisamos que a linha seja mais forte e não mais fraca, precisamos ainda de uma rabiola maior para manter o controle nos fortes ventos das alturas. A linha forte imporá regras e limites que nos servem de âncora e suporte e a rabiola servirá para disciplinar o nosso vôo. Todas nós precisamos para voar de regras e disciplina. A jovem pipa finalmente aprendera a voar.
Num belo domingo de sol com vento moderadamente forte, o menino levou a pipa para fora, para a liberdade, para a vida. Como o vento estava firme e constante a pipa subiu alto, muito alto. Lá em cima ela descortinou toda a paisagem até muito longe e achou o mundo belo e cheio de delícias. Tanto cobiçou viver todas aquelas belezas e delícias que descuidou de fazer as cabriolas e volteios. Desde este dia a sua revolta se tornou mais específica: queria a liberdade. Imaginava quão alto podia subir e que velocidades podia alcançar se não estivesse presa. Queria porque queria que o fio que a prendia ao solo, e ao menino, arrebentasse, chegou mesmo a procurar as correntes de vento mais forte e a proximidade de fios com cerol de outras pipas. Achava a vida tão injusta que se revoltou contra a natureza e contra seu criador.
A pipa tanto desejou, tanto pediu mentalmente, que o menino por descuido não trocou a linha velha e, num dia de vento forte, a linha se partiu e lá foi ela levada pelo vento. Que felicidade! Estava livre afinal e podia iniciar sua jornada como desejasse. Mas. Logo percebeu que algo não ia bem, ela não podia controlar seus movimentos e o vento começou a fazer o que quisesse com ela. Nem mesmo estava subindo a alturas tão desejadas, estava caindo. Ela caiu vertiginosamente e cada vez mais apavorada e confusa: não era isto que imaginara ser a liberdade absoluta. Por fim caiu sobre uma árvore e parou, tendo adquirido alguns amassados e rasgões. Mesmo quando o menino veio resgatá-la, por que o menino sempre vai ao socorro de sua pipa, ela se sentiu solitária e desamparada.
Ela foi transportada para o quarto do menino e deixada num canto de uma prateleira para pensar e refletir sobre todas as coisas, aguardando uma mudança em sua situação. Num belo dia o menino entrou no quarto e cuidadosamente consertou a pipa que ficou com um remendo como cicatriz e lembrança do seu desatino. A partir desse dia retornou a sua esperança de um dia voar novamente, mas não da mesma forma de antes. Queria mais liberdade, maior altura de vôo, mas não tinha mais tanta certeza de poder conseguir e se conseguisse, como fazer para não se ferir novamente.
Num belo dia de início de outono, quando os ventos são melhores para soltar pipas, ela foi levada às alturas pelo menino. Ela estava temerosa e tímida frente ao vento e ficou apenas pairando sem coragem de fazer as acrobacias que costumava fazer. Ali solitária viu se aproximar uma pipa já velha e muito usada, com muitos remendos. Começaram a conversar e fizeram logo amizade. A pipa mais velha passou a narrar suas aventuras e contou que algumas vezes tinha subido tão alto que voltara úmida das gotas d’água das nuvens. A jovem ficou excitada e perguntou como isto era possível se ela estava presa à linha. A experiente pipa foi logo explicando: Quando aquele que me fez quer que eu voe alto ele escolhe um dia de vento forte, mas nestes dias há muito perigo que eu me perca ou me machuque, então ele escolhe uma linha mais forte para me prender. Também acontece nestes dias que eu passe a dar voltas rapidamente e se num momento estou subindo logo no outro estou descendo e assim fico sem direção e sem controle, então ele me coloca uma grande rabiola. Aprendi que o vento é inconstante e sem propósito e, por isso, é perigoso, passei a confiar no menino que conhece tudo sobre ventos e sabe o que quer para mim. Mas, o mais importante, sabe que meu maior desejo é cumprir o meu destino de voar alto e longe, ver o mundo lá de cima, e faz de tudo para que eu o cumpra. Portanto, se quisermos voar alto e longe precisamos que a linha seja mais forte e não mais fraca, precisamos ainda de uma rabiola maior para manter o controle nos fortes ventos das alturas. A linha forte imporá regras e limites que nos servem de âncora e suporte e a rabiola servirá para disciplinar o nosso vôo. Todas nós precisamos para voar de regras e disciplina. A jovem pipa finalmente aprendera a voar.
José Renato Delben
2006