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domingo, 8 de setembro de 2019


O minúsculo grão e o solo infértil

Adão sempre trabalhara nas terras de seu pai e fora feliz. Nunca precisara tomar nenhuma decisão, nenhuma incerteza existira e a fartura para o corpo e para a alma fora constante. Porém, havia crescido e chegara a hora de deixar a casa paterna por determinação irredutível do pai. Apelara para deixá-lo ficar que faria qualquer serviço. Mas o pai fora inflexível e dissera que quando a hora é chegada nada se pode fazer e ele teria que seguir por seus próprios passos. A casa estaria sempre aberta para o caso de necessidade extrema, mas teria que construir seu próprio lar.
Ele foi embora com seus poucos pertences em direção a um pedaço de terra que seu pai lhe legara para plantar e desenvolver seu próprio sustento. Enquanto caminhava pelas terras férteis de produtos agradáveis ao sustento corporal e espiritual sonhava com suas terras que deveriam ser tão paradisíacas quanto as de seu pai. Percebeu então que nunca notara especialmente o quanto fora feliz naquele lugar. Na sua juventude e inocência não podia imaginar que houvesse lugar que não fosse tão bom quanto aquele.
Após caminhar solitário por alguns dias pelas terras de seu pai, encontrando sempre sustento e abrigo na natureza e nas habitações dos servos espalhadas pela propriedade, chegou ao limite das suas. Qual não foi seu espanto quando viu que suas terras eram completamente estéreis e sem vegetação, pareciam mais com um deserto. À medida que entrava na sua herança começou a se sentir acalorado e ressequido, mais do que isso, se sentiu revoltado contra seu pai. Como pudera ter lhe legado uma terra ruim depois de tantos anos de serviço dedicado. Sentou-se à beira do caminho em desespero e procurando pensar em como fazer para tirar daquela terra ruim o seu sustento e seu deleite. Adão pensou muito tempo inerte e em desespero mudo, incapaz de tomar qualquer iniciativa, mas passado um longo tempo começou a andar sem rumo tentando achar alguma coisa naquelas terras que pudesse servi-lo. Não pode achar. Quanta saudade ele sentia de seu pai e da sua casa, apesar do que lhe fizera! Só então pode compreender a felicidade passada. Com tristeza e desespero passou fome e sede por vários dias comendo e bebendo das poucas raízes duras e das fontes amargas que pode encontrar. Volta e meia visitava as terras de seu pai, mas não ia muito longe com medo de desagradá-lo, pois ainda o amava e respeitava. Nestas visitas podia colher o pouco que encontrava de frutas suculentas e água fresca. Muito sujo, maltrapilho, barba e cabelos por fazer, um dia, depois de muito tempo passado, levantou a cabeça e olhou mais longe para o interior temido de suas terras, abarcando com a vista toda a paisagem. Aquela paisagem monótona cinza amarelada igual por todos os lados o desagradou enormemente. A repulsa foi tamanha que mesmo as poucas ervas daninhas que encontrava lhe pareceram belas ainda que completamente inúteis para saciar a sua fome. Resolveu então plantá-las perto de seu abrigo para ter ao menos um jardim verde para atender ao seu anseio de beleza. Quando saia para coletar comida sempre trazia mudas, galhos e sementes destas plantas, às quais regava com um mínimo de água ruim que podia desperdiçar. O que o surpreendia e lhe provocava admiração era a dificuldade que tinha para arrancá-las do solo, pois tinham raízes muito profundas e resistentes, e também a facilidade como germinavam e sobreviviam naquele solo ressequido.
Passados alguns anos a região em torno de seu abrigo estava coberta de ervas daninhas e a paisagem, se bem que não fosse bela, não possuía a feiura de outrora. Até mesmo uma fonte de água salobra no meio deste matagal se tornara mais doce e fresca. Lentamente o solo ao derredor foi ficando mais fofo e úmido, pois o sol não mais o castigava devido à proteção fornecida pela vegetação ruim. Adão então reparou que as raízes das quais se alimentava passaram a crescer maiores e mais suculentas, tentou então plantá-las sobre a proteção das erva daninhas, mesmo que antes isto não tivesse dado certo, afinal o solo já não parecia como o de antes. Desta vez obteve sucesso e, se bem que não houvesse fartura, já não passava fome.
Começaram a aparecer pequenos répteis e insetos e até mesmo anfíbios na pequena lagoa que se tronara a fonte no centro do seu feio jardim. Notando que sentira muita falta de pássaros e flores, passou a imaginar como faria para atraí-los e onde arranjar sementes. Lembrou-se que nas terras de seu pai havia uma espécie de arbusto espinhento que produziam frutinhas que os pássaros adoravam. Mesmo não servindo para alimentação humana Adão foi às terras de seu pai e trouxe sementes que espalhou pela região. Algumas poucas vingaram trazendo esperança para Adão que no futuro outras o fariam e os pássaros logo viriam habitá-las. E assim se deu e algum tempo depois Adão começou a ser acordado com o cantar madrugador de várias espécies de pássaros e durante muito tempo ficou feliz neste paraíso particular.
Mas Adão sonhou. Havia tanto tempo que não sonhava por estar tão cansado dos longos dias à procura de comida e realizando melhorias que dormia como uma pedra sem lembrar-se dos sonhos que tivera. Naquela noite dormira mais descansado, pois o dia fora leve e com uma chuva forte que nunca tinha acontecido naquela região. Que benção dos céus, que frescor! Mas sonhar fora uma graça que o deixara muito infeliz. Sonhou com a casa do pai tão ampla e cheia de quartos, com árvores frondosas para sombra e frutas que deixavam tão fresca a varanda ao entardece quando costumava descansar em uma rede confortável. Acordou em seu abrigo que mais parecia uma toca para animais selvagens e, saindo para saudar o dia não viu árvore que pudesse protegê-lo do sol inclemente do meio dia. Tomou o seu desjejum que não passava de uma cuia de água e algumas raízes variadas e lembrou-se da mesa de seu pai sempre cheias de pães, bolos, geleias e tantas coisas mais, ficando ainda mais triste. Estivera tão feliz por estar conseguindo melhorar as condições de satisfazer suas necessidades básicas de alimentação e beleza que esquecera que elas poderiam ser muito maiores.
Naqueles dias, passeando por suas terras visitando fontes e vales abrigados, adquiriu confiança para fazer uma primeira visita a seu pai, afinal não se tornara digno pelo trabalho que estava realizando? Adquirira o hábito de levar sementes e mudas sempre que saia a passear para espalhá-las por onde passasse e toda a sua propriedade estava verde. Não produzia ainda alimentos nobres, mas o solo tinha se tornado mais fértil. Saiu então um belo dia a caminhar em direção à casa paterna para pedir auxílio e algumas sementes de cereais e de árvores frondosa. Entrou na propriedade de seu pai sem perceber exatamente onde terminava uma e começava a outra, uma vez que a vegetação mudava agora bem suavemente, e isto o alegrou. Começou a caminhar mais rapidamente cheio de animação até que chegando à primeira plantação de seu pai encontrou, vindo em sua direção, um dos servos agricultores. Assim que se saudaram, o servo comunicou-lhe que seu pai soubera de sua chega e, para poupar-lhe tempo, mandou trazer uma variedade sementes, algumas roupas novas e ferramentas adequadas ao cultivo do solo. Ele ficou muito feliz pela preocupação de seu pai, mas bastante decepcionado por não poder receber um abraço carinhoso que tanto almejava. O servo então lhe disse que seu pai o estaria esperando de braços abertos assim que cuidasse do plantio daquelas sementes e da colheita daquela primeira safra.
Com grande esperança voltou Adão para sua propriedade, ansioso para iniciar logo o plantio, colher alimentos em abundância e poder visitar seu pai frequentemente com a certeza da tarefa cumprida. Assim que chegou em casa logo espalhou as sementes nos terrenos que achou mais propícios: as árvores em torno do seu abrigo e as sementes em vários terrenos planos que limpou e arou antes. Pouco tempo depois a dura realidade bateu em sua porta, ele tinha passado a sua juventude, mesmo que operoso, despreocupado em aprender os negócios do pai. Desfrutando dos prazeres da fartura, não aprendera nada sobre solos, plantas, cultivo. De todos os lugares em que plantou muito poucos produziram alguma coisa e mesmo estes foram pouco produtivos. Em alguns lugares o solo era incapaz de reter a umidade que vinha das fontes celestes das nuvens por serem pouco encorpados, pedregosos ou arenosos, e tinham que ficar protegidos do sol inclemente pelas ervas daninhas. Em outros lugares, muito próximos de onde plantara os arbustos espinhos onde os pássaros nidificavam, as sementes serviram de alimento aos que se alimentava do que havia próximo ao chão. Ele amava tanto estes arbustos e os pássaros, como podiam retribuir desta forma? Nos lugares mais próximos da antiga fonte, que agora jorrava com abundância deixando o solo sempre úmido, a colheita foi melhor. Mas mesmo tendo limpado o terreno antes do plantio as sementes da vegetação anterior tinham ficado no solo e nasceram junto com o que havia plantado. A colheita fora muito dura e arrancara tanto as plantas úteis quanto as ervas daninhas precursoras, separando-as posteriormente. Naquele ano não foi visitar o seu pai, pois estava muito cansado e desanimado. Pelo menos as árvores tinham nascido e cresciam bem, mas como toda árvore levaria anos até fornecer uma sombra apreciável.
No ano seguinte Adão passou a visitar os servos agricultores de seu pai enquanto trabalhavam para pedir conselhos. Sempre foi muito bem recebido e todos lhe davam atenção e ensinamentos, por fim, acabou fazendo amizade com muitos deles. Um destes, por quem mais simpatizara, passou a visitá-lo de vez em quando para ensinar-lhe a arte de preparar o solo, semear e colher. Aprendeu que todo solo só produz aquilo que está preparado para produzir e que, com muita paciência e mais trabalho ainda, eles podem ser transformados em solos produtivos. Aprendeu ainda que nenhuma planta ou animal era ruim e que cada um tinha seu papel no estágio evolutivo do solo, que mesmo os solos férteis sem cuidado e vigilância acabavam por produzir mato. Este amigo mensageiro de conhecimentos e esperança disse-lhe que se a cada ano ele replantasse as plantas alimentícias e arrancasse as ervas daninhas antes de produzirem sementes, elas iriam diminuindo até que não fossem mais problemas. E assim fez Adão muitas vezes durante alguns anos e, sem que percebesse uma mudança brusca, a sua propriedade estava ficando parecida com a de seu pai.
Em um dia ameno em que descansava na entrada de seu abrigo após mais uma colheita realizada, reparou que as árvores que plantara estavam muito altas e encorpadas, algumas com flores e outras com frutos, mas todas abrigavam aves diferentes daquelas que faziam ninhos no solo ou nos arbustos. Percebeu então que logo teriam material suficiente para construir sua morada. Neste momento percebeu que chegara a hora de visitar seu pai. Vestiu sua melhor roupa, calçou sua sandália de viagem, e começou a mais feliz caminhada de sua vida.



Há no corpo humano adulto mais de dez vezes micro-organismos que células humanas. Há cerca de nove mil espécies de micróbios na poeira doméstica norte-americana e sabe-se lá quantas em casas de culturas que convivem com animais domésticos e comerciais. No dia a dia apertamos mãos de várias pessoas, pegamos em maçanetas várias, beijamos, espirramos, arrotamos e sei lá mais o que. Sabemos pouco sobre nossos quintais, ruas asfaltadas ou não e suas poeiras, sobre nossos esgotos, rios, lagos, etc. O mundo possui cerca estimados 8,7 milhões de espécies e maioria absoluta delas vivem com outra, de outras, sobre outras, dentro de outras e possuem mobilidade própria ou carregada.
Micro-organismos são transportados de um lado para outro, são trocados, transmitidos, e mudam, mutam e se adaptam. Biologicamente não podemos nos isolar do resto do mundo em termos de troca incessante de informações biológicas. Há em nossa carga genética, se ouvi direito a palestra, um conjunto extremamente majoritário de genes comuns de origem sapiens, 2% de DNA neandertal como indivíduos e 20% como coletividade, mas também um conjunto diferente adquirido e pequeno que são estranhos a estes dois conjuntos de ancestrais e podem ser de origem animal.
Nós, desta forma, mudamos o biossistema terrestre e somos mudados por ele por influência e intercâmbio constante. Não somos isolados e independentes. Formamos uma coletividade que se quiserem chamar de Gaia até podem, mas tem fundamento biológico e não esotérico.
Por outro lado, somos seres que trabalham com informações intelectuais, sentimentais e emocionais. Nós as possuímos e as transmitimos e, assim como microorganismos, somos “contaminados” com estas partículas da mente pela fala, pelo gesto, pelo comportamento, pela feição. Mas somos invadidos por uma infinidade de informações transmitidas pelos mesmos meios de inúmeros seres que nos rodeiam. Os gatos, cães, coelhos, pássaros, feras, flores, e infindável lista, nos mudam, nos movem, nos comovem e, por outro lado, também os influenciamos sobremaneira. Adotamos em nossa linguagem comparativos a animais( como um cão, como uma cobra, como uma flor, ...)
Nós, desta forma, mudamos a “mente do mundo” e somos mudados pela mente individual e coletiva em que estamos internados.
Cada ação nossa, cada hábito, afeta nosso entorno e se propaga para o mundo todo. Na verdade toda ação e toda omissão nos gera uma responsabilidade que não assumimos pela infância moral, intelectual e emocional que portamos.
A nossa infância nos faz pensar no dualismo eu e eles no qual nos consideramos seres diferenciados e mais importantes. E classificamos a eles como coletivos nos quais os indivíduos semelhantes a nos, diluem-se. Desta forma os coletivos podem ser ignorados, punidos, execrados, amados, cuidados, etc., mas os indivíduos nem sempre.
Uma foto de um bebê morta numa praia por ação de muitos e omissão de outros tantos jogou o coletivo e o individuo no nosso colo e para não assumir, no mínimo, nossa omissão diária culpamos as direitas, as esquerdas, as religiões, o capitalismo, os socialismo e mais ismos. E transferimos responsabilidades, o governo, A ONU, o exército, tal pais, ALGUÈM deve fazer alguma coisa. Quando vou crescer? Quando serei cidadão? Quando serei humano? Quando?


Haja ar
Vir a agir
Reagir
Viver
Ver o mar
amar


Tão agrupados
Mala, cuia e cão?

Têm esperanças?
Tão sorridentes!
À frente crianças.

Que vê a lente?
O duro o fato!
O coração mente.


Já e ainda não

Já me equilibrei na corda bamba
Já me cortei na navalha de Occam
Já me emaranhei no fio das Parcas
Já petrifiquei no olhar de Górgona
Já sonhei no dorso de Pégasus
Já deprimi no Estígio e Caronte
hoje bebo no Lete
anseio pelo Mnemoise



José Renato J. Delben
08/09/2019

Houve tanta areia por tudo
Alma trincada, lama ao sol.
Depois...
Houve tanta lava e corrosão
Mente desvairada queimando
Depois...
Houve tantos vendavais
Corpo inquieto na azáfama
Depois...
Houve veludos e cetins,
Líquido e visgos e deslizes
Depois...
Houve nuvens negras
Alma, corpo e mente chumbo.
E agora....



quarta-feira, 9 de maio de 2018

dó de peito


Deu um dó de peito
Dó do peito em dor
Dor de não ter jeito
Dó de dor de amor

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

INTERROMPEU-SE


Desperdiçou
Desperdiçou tantas dores
De aperto, de pontadas
Dores de vazio e de amores
E dores de ardência
Que nem são de todo dores

Desperdiçou
Desperdiçou delícias
de aperto e de pontadas
de doces e malícias
E delicias de ardência
que nem são de todo delícias

Desperdiçou
Desperdiçou solidão
De aperto e de pontadas
De amarguras sem razão
Solidão de dormências
Que nem dormências são

Desperdiçou
Desperdiçou amores
Amores delícias
Amores dores
Amores solidão
Que nem bem amores são

Desperdiçou
Se interrompeu
Não suportou
Tantos sabores!
Pouco saber

Pena!
José Renato Delben
//

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Eu, você e o tempo

Existem o tempo e o espaço, e por isto existem as coisas. Existe a duração das coisas e do estado das coisas.
Por existir a consciência das coisas e dos estados desejamos a duração extrema e os estados perfeitos.
Mas pela consciência somos. Eu sou, tu és, eles são. E pela efemeridade do estado de ser acumulo coisas e gasto tempo.

Quero a plenitude, então quero  o meu tempo e quero o seu tempo. Olho para você e olhe para mim. Demoremos uns nos outros. As coisas passam, mas eu perduro.

quarta-feira, 30 de novembro de 2016


Assim assado

Tudo é assim ou assado. Ou é assado assim ou assim assado. Quero assim ou quero assado? Ou nem quero. Como quem quer assim e quem quer assado podem juntos quererem assim assados?

José Renato 30/11/2016


O Nó
O nó era gordo. O no era górdio. Há quem o ate. Há quem o desate. Eu, Alexandre.

segunda-feira, 27 de junho de 2016



A ESPERA
Não sei mais ser poeta, penso eu há certo tempo. Abandonaram-me os alimentos da poesia, os medos, as angústias, as paixões enfim. Parecia-me abandonado pelos sons do coração e mente. Sem mais tum-tuns e paratibuns. Sem mais, até mesmo, os zam-zin-zuns. Pensei sem dor que minha alma é só silêncio. Mas revelei-me que o que confundi com silêncio era um suave e constante ohmmmmmmm. Era e é uma espera do parto de algo ainda não sabido, mas intuído. E tudo será ohm-tum-mmm-zim-sum-patibun-ohmmmm.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Me peguei escrevendo neste retângulo branco. Serei, por isto, filósofo, poeta ou literato? Ser ou não ser, eis a questão. O elétron é onda ou partícula? Deus existe ou não existe? E se todo sim e todo não fossem a mesma coisa? E se meu EU e meu Ego fossem uma coisa só? Afinal quem ou o que possui o Eu ou o Ego? Penso logo sou ou sou logo penso? Sou aquele ou aquilo que pensa ou pensar é aquilo que sou? Aquele ou Aquilo que disse sou o que sou poderia ter dito possuo o que possuo, ou ainda sou o que possuo? Se existem a matéria e seus processos, o pensamento e a consciência de ser seriam apenas resíduos dos processos físico-químicos? Toda a consciência de sermos e toda senciência seriam apenas ilusões? Iludidos seriam aptos a julgar ilusões de outros alegados conscientes? Partes ínfimas do infinito poderiam adquirir a ilusão, ou crença absoluta, da verdade sobre o sim e o não? Todo aquele que é tem medo de não ser e alguns seres, por isto, promovem o não ser dos que ameaçam sua maneira de ser. Acreditar absolutamente no sim ou no não faz com que o ser seja mais ser que o outro?Paro por aqui ou não paro, esta é outra questão.

domingo, 16 de agosto de 2015

Imperfeito graças a Deus



Ser perfeito, feito e acabado, sem que nada falte e nada possa ser acrescido. De tal forma todo feito por todo que qualquer mudança desfaz o feito e vira desfeito ou defeito. Tão lisa e regular a superfície e tão homogêneo o interior que são monotonia de forma e de cor e a beleza é tediosa. Mas os defeitos, os buraquinhos no âmago do ser, geram filigranas e rendilhados, e a luz sobre a textura surpreende e encanta tanto na forma original quanto pelo dançar das sombras e aparece a beleza do jogo na coisa em sí e na interação com a luz. As formas se dissolvem na plena escuridão ou na plena luz e isto por si só explica o Autor realizar o eterno jogo do vir a ser. Imperfeito sim, graças a Deus.