Há no corpo humano adulto mais de dez vezes micro-organismos
que células humanas. Há cerca de nove mil espécies de micróbios na poeira
doméstica norte-americana e sabe-se lá quantas em casas de culturas que
convivem com animais domésticos e comerciais. No dia a dia apertamos mãos de
várias pessoas, pegamos em maçanetas várias, beijamos, espirramos, arrotamos e
sei lá mais o que. Sabemos pouco sobre nossos quintais, ruas asfaltadas ou não
e suas poeiras, sobre nossos esgotos, rios, lagos, etc. O mundo possui cerca
estimados 8,7 milhões de espécies e maioria absoluta delas vivem com outra, de
outras, sobre outras, dentro de outras e possuem mobilidade própria ou
carregada.
Micro-organismos são transportados de um lado para outro,
são trocados, transmitidos, e mudam, mutam e se adaptam. Biologicamente não
podemos nos isolar do resto do mundo em termos de troca incessante de
informações biológicas. Há em nossa carga genética, se ouvi direito a palestra,
um conjunto extremamente majoritário de genes comuns de origem sapiens, 2% de
DNA neandertal como indivíduos e 20% como coletividade, mas também um conjunto
diferente adquirido e pequeno que são estranhos a estes dois conjuntos de
ancestrais e podem ser de origem animal.
Nós, desta forma, mudamos o biossistema terrestre e somos
mudados por ele por influência e intercâmbio constante. Não somos isolados e
independentes. Formamos uma coletividade que se quiserem chamar de Gaia até podem,
mas tem fundamento biológico e não esotérico.
Por outro lado, somos seres que trabalham com informações
intelectuais, sentimentais e emocionais. Nós as possuímos e as transmitimos e,
assim como microorganismos, somos “contaminados” com estas partículas da mente
pela fala, pelo gesto, pelo comportamento, pela feição. Mas somos invadidos por
uma infinidade de informações transmitidas pelos mesmos meios de inúmeros seres
que nos rodeiam. Os gatos, cães, coelhos, pássaros, feras, flores, e infindável
lista, nos mudam, nos movem, nos comovem e, por outro lado, também os
influenciamos sobremaneira. Adotamos em nossa linguagem comparativos a animais(
como um cão, como uma cobra, como uma flor, ...)
Nós, desta forma, mudamos a “mente do mundo” e somos mudados
pela mente individual e coletiva em que estamos internados.
Cada ação nossa, cada hábito, afeta nosso entorno e se
propaga para o mundo todo. Na verdade toda ação e toda omissão nos gera uma
responsabilidade que não assumimos pela infância moral, intelectual e emocional
que portamos.
A nossa infância nos faz pensar no dualismo eu e eles no
qual nos consideramos seres diferenciados e mais importantes. E classificamos a
eles como coletivos nos quais os indivíduos semelhantes a
nos, diluem-se. Desta forma os coletivos podem ser ignorados, punidos, execrados,
amados, cuidados, etc., mas os indivíduos nem sempre.
Uma foto de um bebê morta numa praia por ação de muitos e
omissão de outros tantos jogou o coletivo e o individuo no nosso colo e para
não assumir, no mínimo, nossa omissão diária culpamos as direitas, as
esquerdas, as religiões, o capitalismo, os socialismo e mais ismos. E
transferimos responsabilidades, o governo, A ONU, o exército, tal pais, ALGUÈM
deve fazer alguma coisa. Quando vou crescer? Quando serei cidadão? Quando serei
humano? Quando?
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