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Este deverá ser um espaço onde amigos compartilhem suas criações e as discutam. Se desejar entre em contato para discutirmos o desenvolvimento do blog e participações. delbenbr@hotmail.com

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Me peguei escrevendo neste retângulo branco. Serei, por isto, filósofo, poeta ou literato? Ser ou não ser, eis a questão. O elétron é onda ou partícula? Deus existe ou não existe? E se todo sim e todo não fossem a mesma coisa? E se meu EU e meu Ego fossem uma coisa só? Afinal quem ou o que possui o Eu ou o Ego? Penso logo sou ou sou logo penso? Sou aquele ou aquilo que pensa ou pensar é aquilo que sou? Aquele ou Aquilo que disse sou o que sou poderia ter dito possuo o que possuo, ou ainda sou o que possuo? Se existem a matéria e seus processos, o pensamento e a consciência de ser seriam apenas resíduos dos processos físico-químicos? Toda a consciência de sermos e toda senciência seriam apenas ilusões? Iludidos seriam aptos a julgar ilusões de outros alegados conscientes? Partes ínfimas do infinito poderiam adquirir a ilusão, ou crença absoluta, da verdade sobre o sim e o não? Todo aquele que é tem medo de não ser e alguns seres, por isto, promovem o não ser dos que ameaçam sua maneira de ser. Acreditar absolutamente no sim ou no não faz com que o ser seja mais ser que o outro?Paro por aqui ou não paro, esta é outra questão.

domingo, 16 de agosto de 2015

Imperfeito graças a Deus



Ser perfeito, feito e acabado, sem que nada falte e nada possa ser acrescido. De tal forma todo feito por todo que qualquer mudança desfaz o feito e vira desfeito ou defeito. Tão lisa e regular a superfície e tão homogêneo o interior que são monotonia de forma e de cor e a beleza é tediosa. Mas os defeitos, os buraquinhos no âmago do ser, geram filigranas e rendilhados, e a luz sobre a textura surpreende e encanta tanto na forma original quanto pelo dançar das sombras e aparece a beleza do jogo na coisa em sí e na interação com a luz. As formas se dissolvem na plena escuridão ou na plena luz e isto por si só explica o Autor realizar o eterno jogo do vir a ser. Imperfeito sim, graças a Deus.

domingo, 9 de agosto de 2015

O Universo e o Ser

“Que gostaria de dizer em meu trabalho científico e filosófico, a minha principal preocupação tem sido com a compreensão da natureza da realidade em geral e de consciência em particular como um todo coerente, que nunca é estática ou completa, mas que é um processo interminável de movimento e desdobramento ....".
                                (David Bohm: Totalidade e a Ordem Implícita)










O universo existe. Nossa inteligência concebe isto e não o nega.
Alguns até já disseram que é tudo ilusão e não passa de um sonho. Se for um sonho existe um sonhador que por sua vez existe realmente em algum lugar. Denominemos isto ou aquilo de universo.
Existindo o universo ele é circunscrito em fronteiras ou é infinito?
Estando em constante transformação ao menos no nível percebido pelos nossos sentidos e assentido pelo intelecto nos níveis detectáveis por instrumentos de medida sabemos que não é estático. Constata-se também que está em expansão. Desta forma as coisas conhecidas que compõe o universo estiveram inicialmente concentradas em um volume relativamente pequeno do espaço. Se o universo for do tamanho do volume do conjunto de coisas que o compõe não é infinito. Então além de suas fronteiras há o que? Um vazio tamanho que poderia chegar à inexistência até mesmo do tempo e do espaço? Ou estaria imerso dentro de algo maior, até mesmo infinito do qual se criou por uma flutuação qualquer? Se bem que deveríamos considerar o paradoxo de flutuações necessitarem do conceito de tempo para serem definidas.
Que nome daríamos a este algo maior (muito maior) que o universo? Vazio, espaço, matriz? Isto possui extensão e seria infinito? Só se poderia dizer que é infinito se pudéssemos definir extensão como uma de suas propriedades. E como definir extensão se não definirmos uma estrutura, ou sua variação, mensurável. Se possuir estrutura imutável teria havido flutuações que permitissem o surgimento de nosso universo? Haveria neste caso tempo neste algo que poderia ser infinito? Este algo teria sido criado ou existiu por todo o sempre?
O fato é que concebemos os infinitos e os eternos da coisa ou do vazio em que se insere a coisa. Concebemos ainda a possibilidade hipotética da finitude temporal e espacial da coisa e um vazio sem forma e sem tempo em derredor, se bem que não alcançamos a essência deste vazio. É maravilha das maravilhas seres de extensão e duração infinitesimalmente pequenas conceber infinitos e eternos dos quais faz parte. A parte pode compreender o todo?
Há de se perguntar também se os seres viventes com inumerável variedade de inteligências existem também numa matriz primeva e fundamental. Memórias e processos intelectivos são armazenados nesta matriz? Ou são apenas sediados na matéria e em suas transformações químicas e estruturas? Se formos apenas um conjunto de reações químicas, estas reações químicas sabem, ou imaginam, que são apenas reações químicas que sentem medo de cessarem. Sentem amor, ódio, raiva, esperança, angústia e até imaginam. Criam até mesmo mundos imaginários que imprimem, ou animam quando não guardam para si. E isto em si já é algo espantoso.

A Inteligência acima de um limiar julga ter consciência de si mesma e do todo em que se insere. Ela percebe à medida que se desenvolve a dimensão relativa de sua existência e, assim, cada vez menos acredita ter respostas definitivas e perfeitas para as coisas. Não se contenta mais com querelas primitivas, quando baseadas em certezas e absolutos, tais como se há Deus ou não. Não afirma mais que isto ou aquilo é absurdo, pois vê o absurdo em tudo que existe. No limite tudo é impensável ou inimaginável. E o espanto prevalece.

Domum musarum


Quando aqui entrar entre com fome
Alimente-se de formas e cores
Abra a alma como se abrem os olhos
Inunde-se de luz

Zeca Diabo - 2015

Museu



Durante muito tempo pulei o muro para espiar. Construção imóvel e volátil. Curiosa ela, curioso eu que a espiava. Olhava pelas frestas da porta quando a deixavam entreaberta, pelos vidros das janelas ou por onde fosse permitido. Ouvia quem a visitava e suas falas, seus choros, seus risos. Já havia estado lá por vezes e sempre ficava tentado a entrar e participar dos ritos lá celebrados. Agora volto para a casa das musas e da poesia. Será que trago ainda angústias, amores, revoltas e intensidade suficientes para tributar o meu reingresso?

Zeca Diabo - 2015

segunda-feira, 18 de março de 2013

Quididade



Quididade



הְיֶה אֲשֶׁר אֶהְיֶה 
Eu sou o que sou
Eu serei o que serei
Êxodo 3:14
O que fazer? O que é, é. O que não é nunca vai ser.

Numa vida, de duas coisas únicas e inevitáveis não podemos fugir: nascimento e morte. Tudo pode se repetir, mas estas duas coisas não. Tudo pode ser concertado bem ou mal. Nascimento e morte já são em si coisas certas e acertadas.
Quem sabe?


 Alguns dizem que a vida é uma ponte entre o nada e o nada, outros que é entre o nada e a eternidade e, outros ainda que é a ponte entre duas eternidades.
Quem sabe?


Mas o que é a vida e o vivente?
Como a vida parece ser por princípio inevitável: há de surgir, mesmo em condições adversas, então seríamos conseqüência de um P(p)rincípo V(v)ital Universal (parênteses opcionais e à gosto). E aparentemente somos conseqüência de um processo evolutivo que forçou o aumento e variedade das inteligências. Então poderíamos ser conseqüência de um P(p)rincípio I(i)nteligente Universal. Seremos emanações deste Princípio? Imagem e semelhança de uma Fonte ou Reservatório de inteligência?
Quem sabe?


Mas a grande questão, maior que todas, e por isto fugimos dela inventando religiões e ideologias é: O que fazer com a parte que nos cabe da Vida? Esta questão pode ser reformulada segundo algumas vertentes de pensamento. Dentro do caos conflituosos de emoções, certezas e dúvidas, como nos tornarmos íntegros e indivíduos? A vida deve privilegiar a procriação, os gozos e paixões? A renúncia ou anulação de si mesmo na tentativa de anular o ego é desejável e possível? É a solução?
Quem sabe?


Tão poucas e limitantes respostas existem para perguntas tão importante e que se desdobram em uma legião que frequentemente devemos ser filosóficos voltando à: O que é, é. O que não é nunca vai ser.
Seja feita a Sua Vontade.


José Renato Delben

18/03/2013


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Quem diz eu te amo mente

Quem diz eu te amo mente. O amor quase sempre está além ou aquém da sua afirmação.
Como mostrar o amor? Moldura pequena quase não o mostra e não há molduras para o seu todo. Quem é construtor de molduras?
Como dar o amor? Se a caixa é do tamanho do colo que pobreza! Se do amor, onde tal colo? Não sei construir caixas.
Melhor dar o amor em um saco de filó. Quem recebe o delimitador de parte do infinito pode escolher o quanto e onde tomá-lo.
Melhor usá-lo para dar vidas. Tê-lo como baixo e pesado adubo da terra e leve e alto etéreo. Fazer crescer uma árvore que de frutos perto do chão ou lá no alto. Os baixos e os altos poderão colhê-lo livremente. Poderão escolher os frutos mais doces ou mais azedos.
Os grandes o colherão com gratidão. O pequenos sempre passarão fome.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Hoje em São Paulo uma criança de 11 anos atirou na professora e se matou. Uma criança! Não foi tentativa de assassinato nem suicídio, foi um roubo, foram muitos roubos. Roubamos, eu roubei, tu roubaste, ele roubou, nos roubamos,....., não são suficientes os sujeitos diretos e indiretos na lingua portuguesa para distribuir tanta culpa. Uma vida mal havia começado e terminou. Mas será, será que havia vida? Vida de criança? E os sonhos, quando os perdeu? Mas crianças não perdem os sonhos, alguém os rouba e quem os roubou? Crianças possuem voz para falar, cantar, rir, chorar, pedir,implorar. Quem a ouviu, quem roubou sua voz? Criança tem esperança e esta foi roubado? Que ser dos infernos rouba a esperança de uma criança? Elas têm tanto a oferecer, a crescer, desenvolver, retribuir e roubaram estes direitos dela.
Milhões, bilhões, de outras que são roubadas de suas vidas diariamente e morrem no corpo se não na alma. Acabam com o corpo e a alma mirradas vagando num mundo que não aceita as fraquezas e as persegue.
Os políticos corrúptos, os corruptores, os maus deste mundo.....não! Nos! Nos que desviamos o rosto, que evitamos olhar ou ouvir, que deixamos acontecer o mal, cometemos diariamente o crime de lesa-humanidade. Somos todos torturadores.
Alguns de nós discutimos filosofia e nos achamos super-humanos, outros de nós religião e nos classificamos como melhores ou piores que os demais. Alguns de nós nos entretemos com artes e nos aproximamos das musas do Olimpo. Somos todos nobres, altos e elevados em nossas atividades e nos rebaixamo à cegueira e insensibilidade. Frequentemente estes de nós relegamos os fracos e frágeis como menos humanos ou mesmo diabólicos. Mas nenhum extende a mão a um indivíduo, ou a voz à multidão ou seus atos aos poderosos. Alguns de nos abraçamos com o coração nossos times e timões, ou os partidos políticos e julgamos uns certos e outros errados e dividimos e, de tanto nos importarmos com isto, não colocamos o ser-irmão acima das idéias e ideais. Alguns de nos até fazem passeatas para a liberação desta ou daquela droga.
Somos todos culpados desta morte e de outras. Não passamos de animais em bando que quando aparece o predador abandonamos o mais fraco para sobreviver. Discutimos ciência e razão, filosofia e psicologia, religião e humanidade. Mas, na hora que é para valer nos reduzimos a elementos de manada. O que é horrendo é que temos consciência e consciência de a termos e nos deixamos animalizar da pior forma que é o "humananimalizar". Não atingimos nem o estágio evolutivo para  nos tornarmos Mefistófeles e nos tornamos diabretes imbecilizados. Somos Legião. Que vergonha meu Deus!


José Renato Delben
22/09/2011 - luto

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Pena Musical

Tenha dó, está tudo sustenido e ficando lá.





José Renato, 25/08/2011



SERÁ?


Para que o saber sem sabor? A emoção é sabor em si ou a procura dele? É motivo e motor da ação? O desenvolvimento da razão torna o emotivo fingido? Qual a cor, o sabor e o som da lucidez?  O excesso de lucidez elimina as sombras e dissolve a forma do mundo? Há tolos que o são por entenderem em demasia a sensatez? Se entrevado é paralítico quem em trevas está é o que? Vale a pena o amargo quando é o único sabor possível? Perguntar, perguntar, perguntar.....que triste sina.





José Renato, 25/08/2011

domingo, 27 de março de 2011

A pimenta tem que ser da cor do fogo que abraza o suor abundante. O vinho deve ter a cor do sangue hematoma dos corações feridos ou curados. O pão deve ser branco como a pureza de todo o dia. E a carne deve ter a cor e a suculência que quiser e mudar segundo os desejos das pimentas, dos vinhos e dos pães.


José Renato
27/03/2011

Vida

A minha vida, a tua vida, a vida tu....não existem. As areias, o tempo e a vida não podem ser possuídos por entre os vãos dos dedos. As mãos servem apenas para brincar de escoar e amontoar castelos e desenhar sombras. A ilusão da mente e coração meus ordenam o aleatório e torna fato o que é fátuo. A vida eu, a vida você, a vida nós, independem do eu, de você, de nós. E o eterno círculo eu que não sou eu que recorda a vida que eu não tenho, mas sou, se eterniza no giro da ampulheta. Maia.


José Renato
27/03/2011

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

FLUXO

A menina abandonou a flor na água da pequena fonte, reclinada em sonhos murmurantes.
Por águas coriscantes, noites escuras, sois brilhantes, lentos meandros, foi levada.
Por águas claras ou escuras, lentas ou rápidas, desejou moços e velhos barcos viajantes.
Mas, no mar tão imenso, indiferente, igual por todo lado, se findou despetalada.

Naquela fonte, meninas sonhadoras, se reclinam descuidadas, como se nunca, como antes.
Outras flores ainda singram águas, noites, sóis, inexoravelmente rumo ao nada.
.......
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José Renato
13/02/2011

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Realismo



Metafísica? Que metafísica têm as árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos e a de dar fruto na sua hora.
Alberto Caeiro
 
 
      Se a perna da cadeira quebrou, então a perna da cadeira quebrou. Todas as considerações a respeito disto são subjetivas, não mudam o fato. Se foi quebrada por acidente ou intenção, se advêm de uma postura inadequada de quem nela senta e se esta postura é decorrente de uma postura psicológica ou emocional recorrente daquele que senta, é totalmente irrelevante. Esta linha de raciocínio leva a mais subjetividades projetadas da própria personalidade de quem considera o fato. Neste caso a conclusão na maioria das vezes revela mais a respeito do avaliador do fato que dos fatos em si ou seu causador. Puro exercício de inutilidades. Se a perna da cadeira quebrou resta julgar se vale a pena consertá-la ou não e, em seguida, decidir se vai consertá-la ou não. Todo o resto é pura estupidez. Maior estupidez ainda é tecer considerações sobre o fato de se estar tecendo considerações sobre o fato que alguém tece considerações sobre o fato que a perna da cadeira quebrou. A perna da cadeira simplesmente quebrou.

The Broken Chair by Can Berkol





José Renato

06/12/2010